sábado, 18 de maio de 2024

Sobre Fetiches e Limites

 

E o que podemos aprender com o BDSM

 

    

    A primeira coisa notável do BDSM é que sempre há limites e acordos muito bem estabelecidos. Antes do início da prática, os envolvidos conversam, definem uma palavra de segurança e entram naquela situação, que para muitos pode parecer estranha, sabendo exatamente o que esperar.

Você precisa concordar que isso já é bem diferente de práticas eróticas mais convencionais, acho que podemos chamar assim; afinal, quantas de nós já não nos percebemos em transas insatisfatórias, que não corresponderam às nossas expectativas? Ou, de repente, nos vemos em situações sexuais desconfortáveis, sem saber muito bem como escapar daquilo? Pois é, você não é a única.

Com certeza todos nós entendemos a necessidade de confiar em alguém que vai te amarrar, te dar ordens, te pendurar no teto ou, talvez, pisotear suas costas usando um salto alto… mas não podemos subestimar a importância de confiar em qualquer pessoa com quem dividimos a cama ou a vida. O diálogo, tão essencial para se estabelecer uma relação de confiança, muitas vezes está ausente nos relacionamentos baunilha (aqueles de fora do universo BDSM).

Então como é que você pode saber que a pessoa não vai ultrapassar seus limites se você não os deixou claros para início de conversa? E será que você conhece tão bem assim os seus limites para esclarecê-los a alguém?

O mundo dos fetiches também fala sobre autoconhecimento. Você explora o que gosta, descobre o que não gosta, sempre com a sua palavra de segurança em mente para interromper a prática a qualquer momento, caso perceba que algo não está fazendo sentido para você.

Outro ponto super interessante é o chamado “aftercare”, que consiste basicamente nos cuidados após a prática. Pode envolver conversar sobre o ato, buscar uma água e comer um chocolate juntos, cuidar das feridas, tomar banho… é um momento importantíssimo para a criação de laços e para evitar aquela queda brusca de adrenalina e outros neurotransmissores, o que acaba nos deixando com aquela sensação meio esquisita pós sexo, sabe? Eu sei de muita gente que se diz “normal” e pega o celular logo depois de gozar, com zero preocupações de nutrir qualquer vínculo.

Pra finalizar, eu ouso dizer que os fetiches falam muito sobre coragem. É preciso coragem para bancar os próprios desejos. São muitas as pessoas que passam a vida tratando as próprias vontades como esqueletos no armário. Isso não é jeito de se lidar com os desejos. Eles merecem uma oportunidade de te mostrar como a vida pode ser mais interessante.

Então eu te convido a procurar os seus fetiches, quer estejam expostos ou escondidos. Experimente, vivencie. Aprenda com eles. E o mais importante: tenha muuuito prazer!

 

Prazer é permissão

  Tá autorizada, ok? Antes de mais nada, ouso dizer que este texto é para mim, principalmente. Eu, tão liberta ao desfrutar os prazeres da...